Numa tentativa inédita de aumentar ainda mais seu alcance junto ao público do Brasil e repercutir com produções próprias, a Netflix decidiu mudar totalmente uma espécie de regra interna em não contratar mais ex-globais de peso para trabalhar em sua plataforma. A gigante mundial do streaming começará, a partir de agora, a mirar na Globo e tentará alcançar o padrão de produções da emissora dos marinhos, mesmo que para isso precise gastar muito.
Isso vai contra o que foi implantado desde que entrou no país produzindo conteúdo nacional, em 2016 com 3%, quando tomou uma decisão artística bastante controversa: ignorar qualquer nome de peso que tenha trabalhado na Globo anteriormente. A direção do serviço não queria vincular sua marca a profissionais do canal e isso tem a ver com uma negativa dada pela TV carioca.
Para entender isso melhor é preciso voltarmos no tempo. No ano de 2015, quando passou a produzir conteúdo no Brasil, a cúpula da Netflix chegou a se reunir com a Rede Globo para tentar uma parceria. A ideia era de que todas as séries com o selo da plataforma fossem produzidas dentro do Projac, hoje Estúdios Globo, mas a direção da emissora recusou a oferta e explicou que os estúdios são utilizados apenas para trabalhos do Grupo Globo.
Sem contar com o selo da Globo, a mesma lançou diversas séries e nenhuma delas pegou de fato, segundo avaliação da cúpula da plataforma nos Estados Unidos. Embora a direção da Netflix esteja plenamente satisfeita com os resultados no Brasil eles sabem que os mais de 15 milhões de assinantes brasileiros pagam mensalidade pelo conteúdo internacional e esnobam o que se faz em terras brasileiras.
A preocupação de fato com o baixo desempenho começou em 2018, quando a Netflix percebeu que O Mecanismo, embora com repercussão, não teve metade da audiência no Brasil que Narcos, mesmo sendo do mesmo produtor executivo, José Padilha, e tendo um dos grandes nomes brasileiros da interpretação, Selton Mello.
A direção geral da empresa passou a buscar soluções ao notar que, além de serem ignoradas, as produções brasileiras da Netflix não tinham o mesmo acabamento que as novelas globais, já que seu plano iniciou não estava funcionando. Ao não ver a parceria com a TV Globo avançar, a empresa contratou produtoras, seguindo o mesmo estilo de negócio praticado nos EUA, mas sem se atentar para um detalhe que agora ficou claro para os executivos: como apenas a Globo produzia dramaturgia no Brasil, em geral, nenhuma dessas produtoras tinha a expertise necessária para assumir um projeto grandioso como a Netflix e a estratégia acabou não funcionando.
Diversas reuniões da empresa no segundo semestre de 2019 já deixaram clara essa mudança no perfil. A cúpula da Netflix nos EUA mandou o recado e quer seus produtos com o padrão Globo de qualidade porque é isso que os assinantes enxergam nas produções do streaming feitas em outros países, principalmente nos EUA.
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